sábado, agosto 19

tudo novo de novo

Idade nova, vida nova... blog novo!

http://bicho-solto.blogspot.com

Vai passar lá ou vai ficar enrolando?

quarta-feira, agosto 16

de secas e tempestades



traga-me um copo d'água, tenho sede
e essa sede pode me matar
minha garganta pede um pouco d'água
e os meus olhos pedem seu olhar

a planta pede chuva quando quer brotar
o céu logo escurece quando vai chover
meu coração só pede o teu amor
se não me deres, posso até morrer

Tem dias em que certas palavras acertam em cheio o que vai dentro da gente.
Tenho me sentido meio assim. Uma sede doente que me arranha a garganta e apequena o coração.
E, às vezes, a nítida sensação de que vou morrer de sede, à míngua, na beira do caminho.

letra de Dominguinhos

quinta-feira, agosto 10

com açúcar e com afeto

Ontem pela manhã, comendo uma fatia de bolo de chocolate (delicioso e feito por mim, voilá!) que levei na bolsa, fui invadida por uma lembrança gostosa demais.
Quando eu era criança - devia ter uns nove ou dez anos - fazia natação no SESC Consolação. As aulas eram à tarde. Eu, num horário. Meu irmão, no horário seguinte.
Antes que vocês comecem a se perguntar o que afinal tudo isso tem a ver com bolo de chocolate, explico: minha mãe, que sempre foi uma boleira de mão cheia, levava fatias de bolo para que comêssemos ao sair da aula, já que piscina deixa a gente com uma fome de leão.
O mais engraçado foi a força e a nitidez da lembrança. Ainda agora, se fechar os olhos, posso sentir a atmosfera daqueles momentos, hoje já tão distantes, com riqueza de detalhes: a sensação de frescor de quem acaba de sair do banho, os cabelos ainda molhados; o cheiro de cloro da água tratada; os sons abafados do ambiente fechado; o toque gelado da arquibancada de pedra - eu comia o bolo no próprio ginásio que abrigava a piscina, enquanto minha mãe assistia meu irmão fazendo a aula -; o bolo macio, sem parte da cobertura, que sempre ficava grudada na tampa do pote de plástico; e a companhia doce de minha mãe, sempre tão mãe.
Gostoso demais lembrar disso, assim, de graça, sem esperar.
Tem momentos que ficam mesmo com a gente, não importa quanto tempo passe.
Ainda bem.

terça-feira, agosto 8

doente, quem, cara pálida??

Tá certo que, de uma sociedade como a americana, não dá para esperar muito além de consumismo exacerbado, valores tortos e muito egocentrismo (vá lá, essa é nada além da minha modesta opinião...). Mas, ainda assim, fiquei chocada com as reações de leitores à revista americana que publicou, na capa, uma foto (linda, delicada, doce - mais uma vez, apenas a minha modesta opinião...) de um bebê mamando ao seio materno. A publicação gerou protestos entre os leitores. Uma leitora chegou ao ponto de escrever que a foto era "nojenta, fiquei doente de ver um bebê agarrado ao peito".
Numa coisa, pelo menos, ela acertou. Doente é o mínimo que se pode dizer de uma pessoa como essa.
O mínimo.

quinta-feira, agosto 3

vaca de divinas tetas

Há milhares de coisas que eu poderia dizer sobre amamentação. Poderia trazer números e estatísticas a respeito dos benefícios, recomendações da OMS, depoimentos de médicos. Poderia falar sobre o valor nutricional do leite materno, sobre a saúde das crianças amamentadas ao seio, sobre a prevenção de doenças, anticorpos. Poderia falar sobre os benefícios para a mulher, o emagrecimento pós-parto, a prevenção do câncer de mama.
Mas não. Não é nada disso que eu tenho vontade de dizer quando o assunto é amamentação. Porque o mais importante, o essencial, pra mim, é outra coisa. Bem mais simples.
Se eu dissesse que as razões acima foram as únicas que me fizeram insistir pela amamentação, estaria mentindo. Se dissesse que foram as principais, também.
A verdade é que eu sempre desejei a amamentação como quem deseja um prazer secreto. Como quem anseia por descobrir a maravilha de um prazer poderoso e quase inconfessável. Eu, de fora, desejava o poder da mãe que amamenta. O poder de ser o veículo da vida. De aninhar, de aconchegar. A beleza infinita de alimentar, não apenas o corpo, mas a alma.
Eu acho lindo mulher com bebê no peito. Sempre achei. É uma cena delicada, suave e poderosa a um só tempo. É a vida seguindo seu curso, a natureza expressando seu sentido, sua ordem, seus porquês.
Eu, com minhas meninas aconchegadinhas ao seio, tenho uma impressão deliciosa de completude. Como se estivesse fazendo exatamente o que vim ao mundo para fazer. Como se, por alguns instantes, a loucura da correria do dia-a-dia deixasse de existir e tudo parasse para que ficássemos nós duas (ou nós três) ali. Uma só vida.
Desde que minhas meninas nasceram, a amamentação tem sido uma das coisas mais prazeirosas pra mim. É mesmo uma espécie de êxtase sentir o contato pele com pele, o carinho da mãozinha pequenina, a respiração suave, a doçura do olhar de canto de olho, o sorrisinho escapando maroto. São momentos que valem uma vida. Que me fazem pensar que ser mãe é mesmo a brincadeira mais trabalhosa e bacana que já inventaram.
É um momento nosso, só nosso. Elas para mim, e eu para elas. E nós, assim, juntinhas, temos tudo o que é preciso.
Fico pensando, não sem sentir um fundinho de tristeza, em quantas e quantas mães perdem a oportunidade de sentir esse prazer. Muitas, não por falta de vontade, o que é ainda mais triste. Se perdem no meio do caminho por falta de incentivo, de apoio, de informação. O que poderia ser uma experiência de vida passa a ser apenas uma pedra, tirada do caminho para não atrapalhar a passagem.
Há poucas coisas na vida que me dão tanto prazer quanto que ver minhas filhas descobrindo a vida e suas maravilhas. E é indescritível a felicidade que sinto ao pensar que a primeira descoberta delas nesse mundinho maluco foi através de mim. Uma fonte de aconchego e segurança que só eu poderia dar.
Amamentação é alimentação, sim. Mas é muito mais do que isso. Amamentação é ligação, é contato. É carinho, é toque, é entrega. É ensinar amor, ternura, generosidade. Ensinar comunhão.
Minhas meninas têm, hoje, 1 ano e dois meses. E mamam. E mamam. E como mamam. E não vejo a menor necessidade de parar tão cedo. Elas estão felizes assim, eu estou feliz assim. Então, tá. Aos muitos comentários descabidos e inconvenientes que ouço vez ou outra por aí, nem dou ouvidos. Apenas fico aqui, eu e meus botões, pensando que raio de moral é essa que não se importa com peitos e bundas de fora no carnaval, cenas apelativas em novelas, filmes e séries de TV e vai implicar justamente com uma cena que, para mim, tem algo de sublime: uma boquinha pequenina buscando carinho e alimento ao seio da mãe.
Apenas uma das milhares de contradições dessa sociedade moderna que eu, de teimosa, insisto em tentar compreender, no mais das vezes sem sucesso.
A minha sorte é não me importar. Como não me importei com as vozes ameaçadoras que insistiam em repetir que eu não teria leite, que minhas meninas não se desenvolveriam adequadamente. Como não me importei com as sentenças pessimistas de que a Estrela não voltaria a pegar o peito depois das três semanas mamando meu leite na mamadeira devido à dificuldade de pega. Como não me importei com comentários infelizes a respeito da 'dependência doentia provocada pela amamentação prolongada' (aliás, amamentação prolongada é só depois de dois anos, viu, gente? antes disso é o mínimo recomendado pela organização mundial de saúde). Como não me importo, e apenas faço que não é comigo, quando percebo um olhar atravessado, seja na rua, no shopping, em um parque ou mesmo no saguão de entrada do prédio.
Eu amamento. Amamento porque gosto, amamento porque me dá prazer, amamento porque faz a mim e minhas pequenas felizes. Amamento porque estamos muito bem assim, obrigada. Amamento porque não vejo qualquer motivo para pensar em parar.
Eu amamento. Porque amamentar é a minha melhor forma de amor e doação.
Não digo que só ame quem amamenta, não. Esse é apenas um caminho, entre tantos outros.
Mas é o meu. O único que eu conheço e que me faz tão feliz. Inteira. Que me faz mãe. Não mais ou menos mãe do que ninguém. Apenas tão mãe quanto eu posso e desejo ser.
Deixo vocês com imagens que me enchem os olhos e o coração, e que, afinal, valem mesmo mais do que mil palavras.


PS: escrevi esse post para a blogagem coletiva sobre amamentação organizada pela Denise, do Síndrome de Estocolmo. para saber quem mais participou, passa lá.
PS2: Cissinha, minha linda, tá de seu agrado??

quarta-feira, agosto 2

rapidinhas



- conversa no elevador do prédio:
filha (de uns quatro anos, mais ou menos): mas eu não queria ir para a escolinha...
mãe: mas a mamãe tem que trabalhar.
filha: mas eu não quero ficar longe da mamãe.
mãe: mas você vai brincar, vai ficar com as tias, com outras crianças, depois a mamãe vai te buscar.
silêncio.
mãe: a mamãe ama muito você, viu?
silêncio.
filha: mamãe, e se a gente fizer assim: você não precisa me amar, mas você fica comigo!
mãe: ...
eu, com meus botões: a cada dia se aprende a barganhar mais cedo nessa vida...

- quem visitou o 'eu e os outros eus' entre hoje e ontem viu que eu andei tentando inventar e inovar. Mas não deu certo, e voltou tudo ao que era antes. Só que eu não desisti, não. Ainda estou preparando uma mudança. Aguardem...

- a Ciça me avisou hoje sobre o post coletivo sobre amamentação que rolou ontem, por iniciativa da Denise. Eu, que ontem estava feito malabarista, equilibrando tudo o que tinha pra fazer (não sem deixar alguns pratos se espatifarem no chão), deixei passar. Mas ainda vou ver se escrevo alguma coisa sobre o assunto amanhã. Antes tarde do que nunca, afinal. Por enquanto, vocês podem ler o que andou sendo dito sobre o assunto pela blogosfera. No blog da Denise, tem a lista de blogueiros(as) participantes.

- eu? sigo correndo! au-revoir!!

quinta-feira, julho 27

Ontem, foi dia da avó.
Eu me lembrei, sim. Fiz um post no blog das meninas falando da avó. A delas, é claro.
Mas estava com milhares de outras coisas na cabeça e acabei não falando da minha.
Chegou fim do dia, eu pensei no que não tinha feito, deu vontade de fazer.

Minha avó se foi desse mundo (sim, foi-se para outro, ao menos é assim que eu acredito) há quase sete anos.
Só agora, escrevendo, é que me dei conta de que faz tanto tempo. Porque a presença dela ainda é tão viva pra mim que eu diria que a distância temporal é bem menor.
A perda dela foi um baque imenso pra mim, a descoberta de um vazio doloroso. A falta que a gente nem imagina. E de repente acontece.

Minha avó era uma pessoa incrível. Notável, especial. Dessas que nunca passam despercebidas. Uma pessoa daquelas a quem ninguém fica indiferente.
Uma mulher forte, dura na queda, de roer o osso mesmo. Que encarou, há quase cinquenta anos, se ver sozinha com dois filhos pra criar e dar conta do recado.
Uma mulher à frente de seu tempo, com um respeito imenso pelo outro.
Uma mulher doce, que sabia conquistar como ninguém. Uma grande amiga, grande companheira. Um ótimo papo, uma simpatia. Que sabia falar sério, sabia falar bobagem. Sabia rir da vida, o que eu considero uma grande qualidade.
Sabia aproveitar a vida, a minha avó. Depois de passar muita dificuldade, de 'comer muita grama', como se diz, de cair, levantar, cair de novo e levantar mais uma vez. Gostava de comer bem (essa eu herdei dela), de dormir (essa também), de viajar (ops...), de passear (!).
Inteligente, adorava uma boa peça de teatro, vimos muitas e muitas juntas. Um bom cinema, um bom filme na TV. Alguns desses pequenos prazeres, tivemos juntas, muitas vezes.
Tenho muito dela, eu acho. Espero ter, pelo menos. Porque a pessoa que ela era eu teria muito orgulho de carregar comigo.
A saudade, essa é imensa. É nesses momentos, parando pra pensar, que eu me dou conta. Tantas coisas que eu gostaria, ainda hoje, de dividir com ela. De contar.
Adoraria que ela pudesse pegar minhas meninas no colo. Levá-las para passear. E mimá-las bastante, que é o que eu sei que ela faria.
Adoraria que pudéssemos trocar mais algumas palavras, poucas que fossem.
Adoraria poder pegar agora no telefone, ligar pra ela e dizer "feliz dia".
Atrasado, mas sei que ela não ligaria.

Não posso pegar no telefone, é verdade.
Mas dizer eu ainda posso. Que sei que ela, de alguma forma, vai ouvir.
Ou escrever, um pequeno bilhetinho, como faço todo ano, no reveillon, desde que ela se foi. Escrevo num papelzinho coisas que gostaria de dizer a ela. À meia noite, jogo o papel, seja no mar, seja ao vento, onde eu estiver.

Hoje, aqui vai:
"Feliz dia, vó. Feliz dia.
Saudades, muitas e muitas.
Dia desses a gente se vê, que o tempo não existe e a distância menos ainda.
Amor,
Rê"

quarta-feira, julho 26

só sei que nada sei



Às vezes, me dá uma tristeza danada e um desânimo do fundo da alma dessas situações em que a gente roda, roda, roda, mas nunca que sai do lugar.
Eu sei que há um ponto em que as coisas chegam em que o impasse só se resolve se um dos lados ceder. Sim, eu sei.
Mas há de haver um limite. Certos pontos são importantes demais, são vitais. Aí, não dá pra ceder. Há um limite, até mesmo para as concessões que a gente faz na vida. Nem tudo pode ser negociado. Nem todas as posições a gente pode deixar de lado. Algumas, tudo bem. Outras não.
Por mais complicada que seja essa conclusão, e por mais que ela me afaste do que eu busco no momento, que é a tão sonhada solução para o impasse, eu sinto que em certos pontos do que a gente acredita não dá pra ceder. Se a gente cede, dói demais, sangra um tempão e a gente fica o resto da vida se remoendo porque achava que não deveria mesmo ter cedido.
Se é pra ser assim, ceder não vale a pena. Às vezes pode até valer, mas não nesse caso.
Estou errada demais? Alguém disposto a me dar uma luz?


PS: o dia da avó está sendo devidamente comemorado lá no blog das pimentinhas, passem por lá.

segunda-feira, julho 24

a televisão me deixou burro, muito burro demais...

É inacreditável a que ponto podem chegar a ganância, o egoísmo e a violência humanas. Inacreditável. E triste.
E revoltante ver a que ponto de parcialidade a imprensa mundial pode chegar. Fico com o estômago embrulhado de ler e ouvir certas coisas.
Já dizia quem sabia mais: "se você pode ler apenas um jornal, melhor não ler nenhum".

Quer um outro eu mais leve e ameno?
Vai lá no blog das pimentinhas que tem.

quinta-feira, julho 20

a vez da vida, ou a vida da vez

Às vezes, sem aviso nem perdão, eis que me invade uma vontade imensa de viver todas as vidas do mundo. De saborear todas as cores, todos os sons, todos os cheiros. De sentir a imensidão do mundo permear cada pedaço desse corpo que vez ou outra desconheço, de tão sedento.
Às vezes, a vida se torna pouco para mim. Para tudo o que desejo, tudo o que sonho, tudo o que anseio. Que anseio demais. Que quero ir sempre mais longe, sempre adiante do que me levam meus pequenos pés.
Às vezes, o medo se esconde e tudo o que eu desejo é que aconteça logo o furacão, que seja logo a mudança, e que tudo saia de seus lugares corretos. Que a casa fique uma bagunça e eu não deseje mais do que admirar a doce confusão dos grandes sentimentos.
Às vezes, de miúda fico grande, de fraca fico forte, de acanhada fico atirada. Permito-me ser outra: uma que ousa mais, arrisca mais, reflete menos. Muito menos.
Às vezes, olho-me no espelho e me dou o direito de simplesmente dizer sim. Que sim. E sim.
Às vezes, não me importo que venha chuva, ou sol, ou vento. Abro os braços e aceito. E sou feliz com o que me chega.
Às vezes, eu apenas quero. Quero muito mais que o possível. Quero todo o inimaginável. Quero todo o intangível.
Às vezes, eu vivo. Simplesmente, e só.
E é bom.
Sim, é bom.
Sim.

quarta-feira, julho 19

boquiaberta



Eu fico besta de ver a capacidade que têm certas pessoas de enganar a si mesmas. É a típica atitude "repita uma mentira mil vezes e ela se tornará uma verdade".
Acho tão triste, isso.

terça-feira, julho 18

sombra, mar e água fresca



Como é bom parar de vez em quando.
Reabastecer, recarregar as baterias, revigorar total e voltar pronta pra outras. E outras, e outras.
Muito mais do que bom, é excelente...

Estivemos aqui, até ontem. Pra quem quiser dar um tempinho pelas águas (atualmente) geladas do litoral norte paulista, eu recomendo sem pensar duas vezes. O lugar é uma delícia, a comida é boa, o atendimento é simpático e morgar na areia sem ter horário pra nada é bom demais. Só um conselhinho: aconteça o que acontecer, sejam quais forem as circunstâncias, NÃO comam no pizza-bar que fica em frente à pousada. Confiem em mim, e não se arrependerão.

quinta-feira, julho 13

corujinha, corujinha



Meu (substancial) lado coruja não resistiu. Rendeu-se.
Enfim, criei um blog para as meninas.
Agora, como sempre, preciso de uma boa alma, amiga, caridosa e com conhecimentos de html para me ajudar a mudar a sidebar, colocar os links dos amigos, mudar o perfil...
Alguém se habilita?

quarta-feira, julho 12

dois pra lá, dois pra cá



Sabe o que é bacana?
Ver que o mundo dá voltas.
Voltas mil, incríveis e maravilhosas.
Muito legal isso.
Muito legal.

segunda-feira, julho 10

gosto, não se discute...



Gosto de tomar sol, e de dormir esticada na areia.
Gosto de acordar tarde e espreguiçar gostoso antes de levantar.
Gosto de sorvete de chocolate, de preferência com pedacinhos.
Gosto de batata, de qualquer jeito: assada, frita, cozida, recheada.
Gosto de sair na chuva e me deixar molhar, e de brincar nas poças d'água sem pensar no depois.
Gosto de caminhar de mãos dadas e parar para uns beijinhos no meio do caminho.
Gosto de livrarias, de folhear cada livro, de sentir o cheiro.
Gosto de música brasileira, de ouvir trocentas vezes a mesma música sem enjoar.
Gosto de ficar de bobeira e assistir o pôr-do-sol.
Gosto de falar bobagem e não ter compromisso.
Gosto de ouvir elogios e saber que sou boa no que faço.
Gosto de andar sem pressa, de olhar casas, pessoas, paisagens.
Gosto de bibliotecas, do silêncio, da solidão povoada.
Gosto de ter um ombro pra chorar bastante sempre que quiser.
Gosto de ligar para um amigo no meio da tarde só pra dar um alô.
Gosto de pizza, a qualquer hora do dia ou da noite, seja fresca ou amanhecida.
Gosto de sonhos, de imaginação, de criatividade.
Gosto de ser ouvida, mesmo quando não tenho muito a dizer.
Gosto de brincar no tapete e voltar a ser criança.
Gosto de escrever para me render ao que não sei.
Gosto de dirigir com o som alto e cantando junto.
Gosto de ter um amor para dividir a vida.
Gosto de viajar e não ter destino, de mudar de planos, de ter novas idéias.
Gosto de fazer loucuras sem explicação e de não precisar fazer sentido de vez em quando.
Gosto de viver cada dia como se não houvesse outros, nem antes nem depois.
Gosto de ser essa metamorfose ambulante, e de não ter aquela velha opinião formada sobre tudo.
Gosto de ter a felicidade ao alcance das mãos.
Gosto desse cheiro de vida nova, da frescura de cada recomeço.
Gosto de acordar e sentir que ainda tenho muito o que viver.
Gosto de saber que ainda há muito o que aprender.
Gosto de saber que sou pequena, que fiz pouco e que sei menos ainda.
Gosto de saber que ainda assim já fiz tanto, descobri tanto e cheguei a tantos lugares.
Gosto de saber que hoje sou tão diferente do que já fui.
Gosto.
Gosto muito.